Vitória da luta: Quilombo Vidal Martins recebe autorização de uso sustentável de mais de 170 hectares no Rio Vermelho, em Florianópolis
O presidente do Instituto Cidade e Território, Lino Peres, participou ontem (14/10), no auditório do MPF-SC, do ato de recebimento, pela Associação dos Remanescentes do Quilombo Vidal Martins, do Título de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) de mais de 170 hectares de área da União junto ao Distrito do Rio Vermelho, em Florianópolis.
É um tema que Lino acompanhou como vereador por dois mandatos e como professor e pesquisador da UFSC. O processo de mobilização pela certificação iniciou com a participação ativa da Universidade, através da coordenação acadêmica da professora Ilka Boaventura Leite e equipe de estudantes na elaboração do laudo antropológico, e depois com toda a tramitação no INCRA para a certificação das terras demandadas.
A luta da comunidade tem sido incansável, com destaque para o trabalho de Helena Vidal Martins, presidenta da Associação, e Schirlei Vidal Martins, coordenadora do ensino quilombola na comunidade, griôs guerreiras que buscam representar seus ancestrais negros junto aos griôs mais velhos da família, Dona Jucélia e seu Odílio, e à juventude que vêm acompanhando e crescendo com a empreitada há mais de dez anos.
Foi necessária muita pressão e contínuos atos públicos que começaram no INCRA e terminaram no Centro Administrativo, demandando audiências com o governador e pressão para que titulassem as terras no Rio Vermelho. Agora, além do repasse das terras federais pela SPU, busca-se que o governo do estado titule, além dos 250 hectares já admitidos, os restantes 700 hectares sob forma de gestão compartilhada com o Instituto do Meio Ambiente (IMA), através de uma APA (Área de Proteção Ambiental) ou sob outra forma jurídica fundiária.
A comunidade Vidal Martins comemorou, com atabaques e berimbaus, a histórica vitória de um dos poucos quilombos urbanos no Brasil e que sofre pressão imobiliária e hostilidade de parte da comunidade do entorno. Ela mostra que está organizada com os movimentos sociais e os sindicatos e tem apoio institucional e acadêmico da Universidade, no rumo para restituir suas terras mesmo sob a resistência da Casa Grande, hoje travestida de novos atores de mente e ação escravocratas.
