ITCidades participou das atividades do VIII Simpósio do Contestado
O presidente do Instituto Cidade e Território (ITCidades), Lino Peres, foi um dos convidados para a mesa “Religiosidades de Matriz Africana e Indígena nos Movimentos Populares no Brasil e na América Latina”, nesta quarta-feira na UDESC. Contando com a participação de diversas entidades sociais ligadas à cultura afrodescendente, e sob coordenação do Grupo de Investigação do Movimento do Contestado (GIMC), o evento centrou-se na análise e debate sobre a religiosidade popular e seu papel e relação com a organização, mobilização e estruturação das insurgências e movimentos populares no Brasil, com destaque para a atuação de sujeitos e atividades ligadas a tradições de matriz africana e indígena. O foco foi em episódios ocorridos no Brasil e na América Latina e demais regiões do mundo, centrado na religiosidade dos homens e mulheres da Guerra do Contestado, conflitos gerados e as conexões com as tradições de rebeldia popular.
Lino, em sua fala, parabenizou as entidades organizadoras pela realização do evento, mencionando as conquistas da educação na área étnico-racial, como as Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tratam da inclusão, nas escolas, da história da África e indígena, respectivamente. Destacou que, nos dois mandatos de vereador, lutou contra a repressão policial nos terreiros respaldada na Lei do Silêncio e pela criação do Fórum de Religiões de Matriz Africana, representado pela professora Vanda Pinedo, que também participou do evento, e pela professora Jeruse Romão.
Ele encerrou a fala assinalando a importância histórica do resgate da memória do Contestado, referindo-se ao professor Paulo Pinheiro, estudioso do tema e que também esteve presente, e ao também historiador Fábio Garcia, que estuda a ancestralidade negra. Assinalou ainda a necessidade de se colocar em prática a criação da Universidade do Contestado, proposta pelo deputado Padre Pedro, atualmente em tramitação na ALESC, e anunciou a caminhada que fará com os participantes do evento neste sábado (6) pela manhã para mostrar alguns territórios negros do Centro de Florianópolis, que é uma forma, com outras caminhadas que costuma fazer com estudantes das universidades, de desvendar o cotidiano da população mais empobrecida, principalmente a negra, escondida na mídia hegemônica. Estudar, resgatar, visibilizar o Contestado é trazer à superfície as lutas que existiram em Santa Catarina, reprimidas pela exploração colonial e pelo racismo e que constituíram e constituem o povo brasileiro, mergulhado na desigualdade e opressão.